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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ARTIGO DE OPINIÃO


                  Roberto Pompeu de Toledo

                                                                              (Artigo de Opinião)
                               Cara Presidente,
            Não foi a senhora que inventou essa história de sediar a Copa do Mundo. Foi o Outro. Ele é que era, e continua sendo, louco por futebol. Ele é que criou na cabeça um Brasil tão grande e influente que terminaria com a crise do programa nuclear do Irã, arbitraria a paz entre árabes e israelenses, ganharia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e, para encerrar, como a última firula do artilheiro antes de fazer o gol, sediaria o Mundial de 2014. A senhora, ao contrário, e mil desculpas se for engano, aparenta se aborrecer mortalmente diante de uma partida de futebol. Também não é crível, não cabe no seu perfil, que acredite no mesmo Brasil fantasioso do Outro. Se deu a entender que sim, isso ocorreu apenas no período eleitoral, em que, como no Carnaval, tudo é permitido.
            “Falo, falo e não digo o essencial”, escrevia Nelson Rodrigues. O essencial é o seguinte: por que não desistir? Não seria a primeira vez. A Colômbia, escolhida para sediar a copa de 1986, jogou a toalha três anos antes, e o torneio mudou para o México. O Brasil não vive a mesma crise econômica nem as ameaças do terrorismo esquerdista e dos cartéis da droga que atormentavam a Colômbia no período. Em contrapartida, temos colossais problemas de infraestrutura de transportes e, se não enfrentamos crise econômica, não nos sobra dinheiro para levantar estádios já nascidos com a marca de elefantes brancos, como, com todo o respeito, os de Natal, Manaus e Cuiabá.
            Os aeroportos já são um caso perdido, segundo estudo do Ipea, um órgão aí da sua cozinha.Nove, entre os treze que servirão ao evento , de acordo com o estudo , não ficarão prontos a tempo . Na semana passada, num gesto que soa a desespero, pois contraria um dogma de seu partido, o governo abriu a possibilidade de privatização dos novos terminais. Mesmo que seja para valer, não serão dispensadas, é claro, as concorrências, os contratos, as licenças ambientais, sabe-se lá mais o quê. Mas suponhamos que dê certo, e o prognóstico do Ipea não se confirme. Muito bem, o distinto público consegue desembarcar nos aeroportos. Suponhamos que num dos aeroportos paulistas. Novo desafio: como chegar à cidade? Não há trens, e as estradas vivem congestionadas. Como este é um exercício de boa vontade, suponhamos mais uma vez que consigam. Problema seguinte: como chegar ao estádio do Corinthians, no bairro de Itaquera, o escolhido da Fifa? A linha de metrô que o serve está saturada, e o tráfego nas avenidas com o mesmo destino é de fazer chorar. Mas suponhamos, mais uma vez, que dê certo. Enfim, chegamos. Mas... aonde? A um terreno baldio. O estádio do Corinthians não é mais que uma hipótese. Nem quem vai pagá-lo se sabe.
            “Falo, falo, e não digo o essencial”. O essencial desta missiva, senhora presidente, é sugerir-lhe uma estratégia. Se lhe parece humilhante desistir assim, na lata, a sugestão é a seguinte: brigue com a Fifa. Enfrente-a. Como o mundo inteiro sabe, a Fifa não é flor que se cheire. É uma entidade tão milionária, e tão abusada no uso de seus poderes, quanto são milionários e abusados seus dirigentes. Pega bem enfrentá-los. Brigue para que reduzam suas incontáveis exigências. Que aceitem a reforma de estádios existentes em vez de pedirem tantos novos. Que assumam parte das despesas. A Fifa está com a corda no pescoço tanto quanto a senhora. Na melhor das hipóteses, eles romperão com o Brasil e partirão para uma alternativa de emergência. A culpa não será da senhora, mas da arrogante inflexibilidade que demonstraram. Na pior, que já é favorável, reduzirão as exigências e arcarão com parte dos custos. A senhora já tem assunto demais com que se preocupar. Precisa livrar-se desta, com permissão pela expressão, herança maldita.
            Em paralelo, e com cuidado, a senhora trataria de reduzir o absurdo número de doze cidades-sede para os jogos. A questão exige mais cuidado porque mexe com interesses locais e porque aqui não foi a Fifa, foi ele, o Outro que assim quis. Com a mente intoxicada de Brasil Grande e o olho nos dividendos eleitorais, ele quis agradar ao maior número de gente possível. Agiu, na manipulação do futebol, como faziam os governos militares. Na África do Sul as sedes foram nove; nos EUA, outro país continental, também nove. Abater o número de sedes diminui despesas e poupa o público do excesso de deslocamentos. Senhora presidente, ainda lhe sobra espaço político para agir. Tal qual estão postas as coisas, as alternativas são colapso absoluto, fiasco total ou fiasco parcial.
                                                           Revista Veja, 4 de Maio, 2011.
            ATIVIDADES DE COMPREENSÃO DO TEXTO:
1.      Quem é o Outro e, o qual é a sua relação com o assunto do texto?
2.      Qual é a herança maldita a que o autor se refere?
3.      A expressão “Brasil fantasioso”, no texto, significa:
4.      Busque o significado das seguintes palavras:
Firula-
Missiva-
Hipótese-
5.      Escreva uma frase para cada uma das palavras do exercício anterior.
6.      Aponte argumentos a favor e contra a realização da Copa no Brasil em 2014.
7.      Agora, elabore uma carta argumentativa dando a sua opinião acerca do assunto trabalhado.

5 comentários:

  1. Toledo, 23 de setembro de 2011.
    Exma. Presidenta Dilma,
    Eu, João Paulo, sou contra a realização desse evento, que é a Copa do Mundo, no Brasil, porque quem vai acabar pagando a conta somos nós, a classe assalariada, que não temos a condição de assistir a uma partida de futebol num estádio. Além do mais vai faltar transporte para o próprio trabalhador que precisará se deslocar até o trabalho. Poderá, inclusive, faltar hospedagem, alimentos, combustíveis, entre outras coisas. Sem contar que ficarão obras gigantescas abandonadas, nas mãos de vândalos e usuários de drogas.
    Portanto, Sra. Presidente, minha sugestão é que a senhora desista de sediar a Copa do Mundo e invista em melhorias para a qualidade de vida do povo brasileiro.
    Grato pela sua atenção
    João Paulo

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  2. Toledo, 23 de setembro de 2011.
    Senhora Presidente
    A copa de 2014 está levantando muita polêmica, mas quando me perguntou se sou a favor ou contra, penso, poderia ser até a favor. Por quê? O Brasil vai ser o foco da atenção de todo o mundo, e isso atrairá muito turismo que vai ser muito bom para todos, e poderia gerar mais empregos, ...
    Mas, se for pensar pelo lado negativo, teremos muitas coisas que são muito sérias, e sou contra, como por exemplo, dinheiro público desviado pelos péssimos representantes que temos. Eu acho que um país que está um caos na saúde pública, um país que precisa mais investimentos na educação e na segurança, um país que precisa de melhores salários para os trabalhadores que vivem de sol a sol tentando ganhar o seu pão de cada dia, num país que precisa de mais dignidade para todos... Você acha que pode ficar jogando dinheiro fora com futebol?
    Por isso, sou totalmente contra a realização deste evento mundial. Talvez eu seja a favor daqui há uns 50 ou 60 anos quando um dia, esse país, se Deus quiser, estiver nos “eixos”.
    Grato
    José Luis Castilho

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  3. Toledo, 23 de setembro de 2011.
    Cara Presidente
    Eu sou contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, pois há muitos problemas no país, como os congestionamentos nas estradas, roubos, assaltos, falta de moradia e em muitos lugares há gente passando fome... Esse dinheiro, que será investido na realização do evento, poderia ser usado para melhorar a vida de nossos “brasileirinhos”, como a senhora mesma diz.
    A senhora, na qualidade de Chefe da Nação, deveria se preocupar com o povo brasileiro que paga tantos impostos e tem a saúde precária, o meio do transporte e a moradia também. Vai ser necessário construir grandes estádios e alguns vão ser usados somente na copa, depois vão ficar abandonados. Esse dinheiro poderia ser investido em moradias. Também vale lembrar que a Copa vai gerar muitos empregos, porém, temporários, e depois que acabarem as obras? Serão novamente, muitos brasileiros desempregados.
    Portanto, Sra. Presidente, vamos pensar bem nestas questões, analisá-las e concluir: vale à pena sediar a copa do mundo?
    Grata pela sua atenção
    Patrícia Daniela Perlin Fernandes

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  4. Toledo, 23 de setembro de 2011.
    Sra. Presidenta
    Sou a favor de sediar a Copa do Mundo em 2014, aqui no Brasil, pois a Copa gera muito emprego e investimento. Para o Brasil será um verdadeiro desafio, na construção de estádios, rodovias, linhas de trens, pista de aeroportos, hotéis, restaurantes, e será preciso contratar mais policiais para fazer a segurança.
    Para a Copa virão turistas que gastarão em hotéis, restaurantes, táxis, e isso vai melhorar pequenas e grandes empresas, que ganharão mais dinheiro, podendo investir na própria empresa para aumentar seus lucros, com previsão de aumento de salário do funcionário.
    O Brasil terá bastante gasto para sediar a copa, ma também terá retorno; com as obras que ficarão haverá mais oportunidade para os jovens que terão um incentivo maior para o esporte, saindo das ruas e fazendo alguma atividade no contra-turno escolar, ficando longe das drogas.
    Portanto, Sra. Presidenta, terás o meu apoio e o meu voto de confiança, caso decidas ir avante na realização do Mundial em nosso país.
    Grato
    Bruno Aparecido Pedro

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